Regressar à nossa árvore…

Há uma belíssima expressão galesa que fiquei a conhecer através do mais recente livro de Kristoffer Hughes: “dod yn ôl at fy nghoed”, que significa literalmente “regressar à sua árvore”. Num sentido metafórico, quem regressa à sua árvore recupera os sentidos e a sanidade; quem reencontra as suas árvores reencontra o equilíbrio interior.

Muito se diz e se especula sobre aquilo que constitui a essência do caminho druídico, sobretudo nos tempos modernos e particularmente quando é trilhado a par de outros caminhos.

Somos condicionados a achar que existe apenas um único caminho “certo” para nós, da mesma forma que muita gente gera lucro com noções equivocadas como as de uma “alma gémea” ou de uma “vocação para a vida”. Há quem diga que a geração “millennial” (a minha!) se atirou de cabeça para uma vida de esgotamentos constantes com a sua fixação na busca pelo sentido.

Se o caminho druídico é o caminho de quem conhece as árvores ou possui a sabedoria de uma árvore, penso que ele será também o caminho de quem descobre e abraça o Real na sua multiplicidade, sem complexos de culpa, sem aquele sentido permanente de inadequação que tanto nos persegue.

Regressar à nossa árvore passa por mergulhar bem fundo com as nossas raízes nas regiões mais pedregosas do nosso ser, na mesma proporção em que estendemos os nossos ramos em busca de ascensão.

É ter a mesma percepção clara da árvore da vida, que atravessa todos os mundos. Que vê, sabe e (se) reconhece — que readmite todas as partes de si, sem excepções, e que assim se torna fonte de equilíbrio e refrigério para os demais.

Uma parte da floresta que acorda e se lembra que sempre foi árvore.

Subscreve a newsletter

Assina para receberes cartas electrónicas ocasionais com reflexões sazonais, diretamente aqui do Bosque.